O líder está cego

Marcelo Caetano responde a questão: quais são as características que fazem de pessoas normais grandes gestores?

Sempre me perguntam, devido à minha experiência na consultoria e ao convívio que tenho com importantes líderes de áreas comerciais, quais são as características que fazem de pessoas normais grandes gestores!

Em primeiro lugar, quero lembrar que bons líderes não são necessariamente sempre bons, eles podem ter momentos excepcionais em suas carreiras e outros momentos não tão privilegiados assim. Vou exemplificar falando de um bom técnico de futebol que leva uma equipe a vários títulos e depois amarga uma sequência de times com os quais não consegue realizar um ótimo trabalho. Será que ele desaprendeu? Claro que não, mas também quem sabe aquela equipe não tenha obtido grandes vitórias somente por sua ação. Foi uma associação de fatores, entre eles sua técnica e atitude. O líder é o mesmo! Canso de ver líderes geniais perderem a mão e tornarem-se inconvenientemente repetitivos e apegados as suas certezas antigas, que no momento não servem mais. A conjuntura econômica mudou, as pessoas e suas necessidades mudaram, enfim, o mundo é outro! Por que esse líder não funciona mais na atual organização, ainda que tenha dado uma fundamental contribuição para o sucesso da empresa? Por outro lado trabalho com líderes que a cada seis meses me perguntam qual opinião tenho sobre sua atuação como gestor nos últimos seis meses. Outro dia um líder colocou na mesa de seus subordinados diretos uma folha na qual estava escrito, o que você acha da minha atuação como líder e no que preciso melhorar (ideia de ouro para você aplicar na sua equipe, mas só faça se quiser realmente mudar). Simples assim, e o que é melhor, eles ouvem e aplicam.  Mas vamos voltar ao assunto.

Não quero enumerar aqui várias características atribuídas a bons gestores, mas sim me ater a uma que é muito importante, quem sabe a mais importante delas:

A capacidade de continuar a aprender e observar os detalhes em constante transformação.

Pessoas que perdem essa capacidade estão fadadas ao fracasso. E isso pode acontecer algumas vezes durante a carreira de um profissional. O tão almejado sucesso pode ser o grande culpado por esse acontecimento – isso mesmo – as pessoas são sempre muito elogiadas por conseguirem um bom desempenho e passam a não analisar os motivos que as levaram às conquistas. Logo, muitos concluem: o resultado sou eu! Pronto, é o começo do fim. Quanto maior é a ambição da pessoa, mais alto é esse limite, mas raramente ele não será atingido.

Se um profissional tem ambições limitadas, seja qual for o motivo, ele pode considerar que o sucesso é atingir uma meta, por alguns meses ou anos consecutivos. Dessa forma, para de ouvir ideias ou sugestões e informações dos clientes e passa a seguir em frente de olhos fechados, cego pela sua certeza. Até que, resultados negativos começam a aparecer e levam esse gestor a entrar em um caminho de acusações (acusar clientes, equipe, mercado, etc.) ou lamentações (o mercado está difícil). Ele já deixou de ser um líder, tornou-se uma pessoa autocentrada.

Este profissional passa a olhar para as pessoas ao seu lado como alguém que tem por obrigação atingir seus resultados. Esquece-se que ele pode – e deve – ser suporte nesse processo de conquistas. Os parceiros começam a sentir-se abandonados, pressionados e excluídos; por vezes até mesmo menos importantes e, de forma consciente ou não, irão repetir o comportamento do líder, fazendo boicotes e críticas. Toda a estrutura da empresa fica doente. 

Partindo do princípio de que liderar é desenvolver pessoas, como poderá um líder desempenhar bem essa função sem que ele esteja em constante processo de aprendizagem?

Quem sabe essa seja uma réplica da vida de muitos, mas não pode se tornar uma armadilha da qual não se consegue escapar. É possível manter a vontade de aprender sempre. E são vários os caminhos rumo à contínua aprendizagem: não desgrudar os olhos de boas leituras, manter-se perto de pessoas instigantes, ouvir os clientes (sempre!), ter bons conselheiros com quem trocar ideias e até mesmo amigos que falem a verdade ao invés de só elogiar – isso é um pouco mais difícil quando se tem sucesso. Mas lembre-se que você constrói seu futuro a cada dia.

Boa sorte e boas escolhas!

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